Depoimento: “Em um mês já sou respeitada por outros diretores de onde trabalho”
Determinação. Essa talvez seja a palavra perfeita para definir como foram os anos da aluna, Gabriela Quinta Moura, durante seu curso de Administração na STRONG ESAGS. Natural da cidade de Santos, a garota de 24 anos tinha como objetivo fazer Medicina e conseguiu fazer um curso técnico pelo SISUTEC na cidade, mas logo percebeu que seu futuro não estava ali. “Optei por Administração porque gostava da adrenalina que a bolsa de valores causava em meu irmão mais velho, que cursava administração no Rio de Janeiro. Meu pai era Administrador também, Gerente Financeiro em uma grande multinacional. Ambos costumavam conversar sobre finanças e o assunto me atraia muito. Me inscrevi para fazer STRONG ESAGS em Santos porque poderia conciliar o técnico de raio X e o curso de administração”.
Segundo ela, seu primeiro ano foi intenso. Ela estudava no período matutino, a tarde estagiava e de noite ia para o técnico. Quando abandonou de vez os cursos de saúde, passou a adiantar matérias na faculdade, estudava de segunda à sexta de manhã, três dias a noite e começou um EAD. Além disso, foi vice-presidente do Diretório Acadêmico, deu monitoria de matemática e era voluntária na Santa Casa de Santos, onde dava assistência a pacientes do leito da oncologia
Mas sua vida deu uma reviravolta em um dos eventos da STRONG ESAGS. Durante a Semana do Administrador, ela esteve presente na palestra de Elber Alves Justo, Presidente da MSC, e teve a oportunidade de conversar com ele no final. Seu conselho foi de que era preciso inglês fluente, caso contrário, não se destacaria no mercado de trabalho. “Refleti muito sobre isso. Decidi fazer intercâmbio de Aupair. Nunca tinha cuidado de uma criança, nem primos pois não tenho parentes em São Paulo. Fui ser voluntaria numa creche, optei por cuidar de bebês pois segundo meus cálculos, me daria menos trabalho visto que bebes dormem muito. Decidi que ia antes do natal para não sair no meio do semestre, escolhi uma família com três crianças e no final do ano ja estava lá”, completa.
Com o objetivo de ter independência dos pais, ela passou a morar em São Francisco com uma família judia. A mãe era israelita, falava hebraico e inglês e o pai era russo, que falava hebraico e inglês, além de seu idioma natural. Trabalhava fazendo bicos e realizou o meu sonho de conhecer a Indonésia, onde sofreu um acidente e se viu obrigada a ser forte como nunca, pois estava sozinha num país em que poucos falavam inglês. Mesmo com todos os percalços, tinha na cabeça iria voltar para casa e ser uma executiva. Teve contato com pessoas que trabalhavam no facebook, Tesla, Salesforce, Google, Apple, etc. Por isso, se ocupava o tempo todo, e sempre que estava livre, ia para um restaurante, bar, viajava, acampava, fazia yoga em grupo, balada, praia, churrasco e para a casa de amigos.
Quando voltou para o Brasil, seu pensamento já era outro. A experiência de estar em outro país e conviver com outras culturas a fez procurar estágios em que precisasse falar outra língua. Passou por dois processos ao mesmo tempo, um na Baixada Santista, outro em São Paulo, que quase deu errado por conta da Greve dos Caminhoneiros. Contudo, ela conseguiu participar do processo e foi bem na dinâmica. Na hora da entrevista, ela conseguiu falar em inglês, mas encontrou uma dificuldade. ” Quando fiquei de frente com a gestora tudo estava encaminhando bem até que ela pediu para eu falar espanhol. Não saiu nem Buenos Aires, nem Buenos dias, nem ar. Eu travei. Nunca tinha estudado espanhol, mas conseguia conversar com minhas amigas do intercâmbio”.
Como não bastava falar inglês, começou a fazer aula de espanhol. Dias depois fez dinâmica em outra empresa, a maior empresa de recrutamento e seleção de jovens na America Latina. Passou por etapas online, dinâmica presencial, Skype com consultora que disse que tinham adorado mas que precisava discutir com outras duas consultoras. Mesmo com as adversidade, por ser no dia do jogo do Brasil na Copa do Mundo, ela conseguiu o estágio. “A verdade e que pouco me importava o que eu iria fazer contanto que eu falasse inglês e fosse em São Paulo. Esses eram os meus filtros. Em poucas semanas eu percebi que não era pra mim. Mas por conta do primeiro não, eu fiquei com medo. Eu era headhunter. Acordava 5h00, pegava fretado 5h50, chegava na região do meu trabalho as 7h20 e praticamente abria meu escritório, mas na verdade ele fica aberto 24×7. Sempre ficava mais de 6h. As vezes fazia aula de espanhol, chegava em santos 18h e 19h estava na Faculdade. Isso se não tivesse nenhuma surpresa na serra, comboio, neblina, carreta tombada”.
Mesmo com todas as regalias que o escritório proporcionava, como permitir usar tênis e ter cerveja à vontade, havia alguma coisa que não a deixava feliz. “Avaliar pessoas para uma oportunidade profissional é uma coisa difícil. Depois de um tempo, fica fácil extrair as informações das pessoas, mas era difícil avaliar as pessoas que estavam fora do mercado e que precisavam sustentar a sua família. Você testa o idioma e não é bom o suficiente, mas a pessoa pede 6 meses para fazer um intensivo e seu cliente não quer esperar num 1 dia muitas das vezes. Os clientes mudam de ideia rapidamente e com isso você precisa reprovar profissionais brilhantes que não se encaixam naquilo que é necessário”.
Depois de três meses, ela pediu novas responsabilidades. O que tinha ja não era o bastante e, por isso, pediu para participar de alguns processos mas encontrou dificuldades. “Eu queria muito entrar numa empresa de tecnologia. Eu sabia que eu não tinha o perfil, mas eu queria. Fui atrás da consultoria para participar do processo. Fui super confiante que ia dar certo. Fiz dinâmica e não recebi feedbacks. Assistindo os stories do Instagram, descobri que o processo tinha acabado. Surgiram duas entrevistas fantásticas na mesma semana, uma na quinta e outra na sexta. Quinta pela manha meu avo faleceu e eu tive que contar a minha mãe. Não fui ao enterro por conta das entrevistas. Dias depois eu sofri um acidente. Minhas medias de p1 eram 8,75/10/10/9.5. A pior semana de 2018. Eu fiquei muito abalada com tudo que aconteceu e não conseguia nem me concentrar nas provas p2. Peguei 3 ps. Meu pai veio ficar comigo para que eu não ficasse sozinha. Ele me ajudou a me recompor. Na semana seguinte, recebi uma ligação da consultoria que tinha o processo da entrevista da empresa de tecnologia. Ambas as consultoras tinham me avaliado muito bem e com o perfil para uma oportunidade em outra empresa química que novamente eu nunca tinha ouvi falar. Eu disse que não queria se não fosse alinhado com o que eu queria. Quem tinha me ligado não sabia de tudo que eu perguntava, e pediu para eu fazer a entrevista. Agora com experiência, eu não aceitaria um trabalho apenas para trocar o meu. Eu queria algo que me desse a oportunidade de crescer profissionalmente e voltada para o exterior. Aceitei fazer o Skype no dia seguinte (quinta) com a consultora. Como uma boa headhunter (longe de ser uma sênior, mas boa o suficiente para mim), pesquisei quem era o gestor de tal área em tal empresa e achei dois possíveis. Analisei o currículo deles. 13 minutos de entrevista e ja estava agendada para fazer a entrevista na segunda. Fiz a entrevista e questionei o gestor. Eu não estava ali querendo um trabalho. Eu queria ter certeza de que ele teria o que me agradaria, que me desenvolveria, me deixaria ter contato com outras áreas e etc. Eu ja sabia parte de sua carreira e sabia o que podia esperar. Nossa entrevista se tornou mais uma espécie de alinhamento, porque eu o questionava também. 1h30 de reunião. No dia seguinte, a noticia esperada: fui aprovada.”
Hoje, Gabriela trabalha como assessora do setor jurídico, em um ambiente descontraído com mulheres e na sala do setor jurídico responsável por toda a America latina com três advogados. “As sextas feiras falamos apenas em inglês. Vejo profissionais de nacionalidades diferentes, faço treinamentos online com profissionais do mundo todo e faço ligações para outros países da America Latina. O ambiente exige traje formal, certa seriedade e a cultura suíça e alemã são muito fortes e presente em nosso dia a dia. Completo um mês e já sou respeitada por outros diretores Latam. Consegui criar o meu espaço e não me limitei as minha atividades obrigatórias. Mesmo com as diferenças hierárquicas consegui ver oportunidades e as agarrei”.
Perfil

Gabriela Quinta
Idade
24 anos
Curso
Administração de empresas
Durante a faculdade, como foi seu início no mercado de trabalho?
Difícil, desanimador, ansioso, agonizante. É muito ruim lidar com a primeira rejeição. E isso não acostuma. Digo isso pelas duas vezes em que recebi resposta negativa. Você fica esperando uma mensagem, e-mail, ligação e nada.
Quais foram as principais dificuldades nesse período em busca desse objetivo?
Continuar no meu outro trabalho. Eu me sentia infeliz. Não tinha motivação, mas mesmo assim conseguia continuar. Eu tentei mudar de área mas não consegui. Eu não podia desistir, porque dentro de mim aquilo era o meu desafio. Minha personalidade forte e competitiva me deram forças pra ficar e procurar outra oportunidade.
O que você fez nesse tempo para superar essas dificuldades?
Me inspirei. Buscava ter experiencias diferenciadas. Cursos de aperfeiçoamento em Excel, gestão do tempo, SAP. Não tentava ser especialista em nada, tentava ser uma generalista e conhecer um pouco de tudo e procurava cases de sucesso. O segredo é nunca desistir. Não perder o gás, mesmo que exausta.
Como a ESAGS te influenciou para lidar com o mercado de trabalho?
Os professores vão te influenciar e guiar se você pedir ajuda. As palestras com profissionais atuantes do mercado vão te inspirar. Meu pai conseguiria me empregar, mas meus professores mostraram que eu poderia ter qualquer posição, contanto que eu trabalhasse, estudasse e persistisse para conquistar.
O que você poderia dizer a um aluno que está terminando a faculdade agora?
Até ano que vem no MBA! Não vamos parar de estudar nunca!
E o que você diria a quem está no começo?
Se conheça. Não se importe com o que os outros acham que você deve fazer. Muitos vão falar “isso não é pra você”, “isso é a sua cara”, “você devia fazer isso”, só você sabe o que quer. Conselhos são bem-vindos de quem obteve sucesso, mas sabemos que nem todo mundo é um exemplo a se seguir.