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Outubro Rosa: “Meu nome é Jackelini e tive câncer de mama aos 28 anos”

Blog
13 de outubro de 2014

Sabe aquela doença… Aquela que muitos ainda não querem citar o nome. Hoje vamos sim falar sobre ela. Vamos falar sobre câncer. Porque só falando sobre câncer podemos fazer com que as pessoas percebam o quanto é importante a prevenção.

Como estamos em pleno Outubro Rosa, nossa conversa será sobre o câncer de mama, o segundo com maior número de casos no mundo, perdendo apenas para o de pulmão. O câncer de mama é mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos novos casos a cada ano. Porém, também afeta os homens.

No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as taxas de mortalidade por câncer de mama ainda são altas, provavelmente porque a doença é diagnosticada muito tarde, em estágios avançados.

Porém, o importante nisso tudo é saber que a maioria dos cânceres tem cura, principalmente se detectados no início. Daí a criação do Outubro Rosa, um movimento mundial que nasceu nos Estados Unidos, simbolizado pelo laço rosa, que tem o objetivo de abordar a luta contra o câncer de mama, estimulando a participação da população, empresas e entidades.

Exatamente por isso, a Strong ESAGS não poderia ficar de fora. Hoje, o Blog Jovem Executivo conta a história de Jackelini, assistente administrativo do setor comercial da Strong, 30 anos, que com muita força e apoio da família e colegas de trabalho enfrenta a doença.

Na verdade, a própria Jackelini contará sua história. E ela faz isso por um único motivo: chamar a atenção para o autoexame. “É importantíssimo o trabalho de conscientizar as mulheres, inclusive minhas colegas de trabalho, sobre o autoexame. Foi assim que detectei o nódulo que, após biópsia, foi identificado como neoplasia maligna, ou seja, câncer de mama.

Quando descobriu a doença, Jackelini trabalhava na unidade Alphaville da Strong, tinha 28 anos. Em tese, pela idade, não estava dentro do grupo de risco. Médicos costumam pedir mamografias, por exemplo, só a partir do 35 anos. Com ela não foi bem assim. Mas essa história, ela mesmo vai contar.

Os últimos dois anos não foram fáceis para Jackelini. Nas fotos, ela mostra todas as fases pelas quais passou. Em 2012, logo após descobrir o câncer de mama e após a primeira quimioterapia, quando ficou bem debilitada e contou com apoio da irmã e de toda família; a segunda foto, junto com o namorado, e a terceira foram tiradas em 2013 durante o tratamento, que lhe exigiu muita coragem. Já a última foto é de um mês atrás, já recuperada, feliz e orgulhosa por recuperar seus cabelos

“Meu nome é Jackelini Luana Rodrigues, 30 anos. Atualmente, sou assistente administrativo do setor comercial da Strong de Osasco. Porém, todo esse processo foi em Alphaville. Sou solteira e não tenho filhos.

Minha avó teve câncer de mama e faleceu. Depois disso, passei a ter o cuidado de sempre fazer o autoexame. Um dia, deitada em casa assistindo tevê, fiz o procedimento como de costume. O autoexame nada mais é do que palpar seios e axilas para verificar a presença de nódulo ou algo que seja fora do normal.

Neste dia abril de 2012, senti na mama direita um carocinho próximo à axila. No mesmo momento pedi para a minha mãe palpar e ver se também sentia. Ela confirmou e pediu para agendar consulta com a ginecologista.  Marquei para a mesma semana. Minha médica pediu exames de ultrassom e mamografia. A mamografia nada acusou, mas o ultrassom detectou um nódulo de 1,3 centímetro.

Abri o exame vi o resultado. Pedi um encaixe para o mesmo dia. Mostrei os exames que tinha já olhado. A médica disse para não me preocupar que, pela aparência do nódulo, era benigno. Insisti. Contei que minha avó havia morrido por câncer de mama. Ela disse: “Vou solicitar uma punção para você ficar tranquila. Você só tem 28 anos e se um dia for para você ter, será depois dos 50 anos. A aparência é de nódulo benigno. Talvez seja por você estar acima do peso ou devido a hormônios”.

Tive de implorar a guia médica para a punção. Fiz e fui retirar o resultado no horário de almoço do trabalho. Mais uma vez abri o exame no caminho da volta para a empresa. Comecei a ler. A conclusão informava positivo para neoplasia maligna bi-rads 3. Quase desmaiei no meio do caminho.

Cheguei na empresa sem falar nada. Estava travada, lendo toda hora o papel, sem acreditar. Minutos depois, meu coordenador Rinaldo notou que eu estava abatida e sem reação. Perguntou se eu estava bem. Não falei nada. Fui ao banheiro pedindo para Deus que aquilo que tinha lido não fosse verdade. Quando voltei ele me chamou e mais uma vez perguntou se eu estava bem. Apenas mostrei o papel. Imediatamente, ele chamou a Vanessa do Amaral, responsável pelo RH da unidade. Naquele momento comecei a chorar.  

Fui bem amparada por todos eles. O Rinaldo começou a fazer ligações, acho que para o RH. A Vanessa também ligou para a irmã que, para minha sorte, trabalhava numa operadora de plano de saúde. Perguntou se poderia refazer o exame. Tenho tanto a agradecer a eles pelo suporte. Consegui refazer o exame bem rápido graças à irmã da Vanessa.

Fui pra casa sem chão. Foi o pior dia da minha vida. Bateu o desespero. Contar para minha família foi um momento muito difícil. Ninguém se desesperou na minha frente, mas minha mãe entrava no banheiro e saia com olhos vermelhos. Dizia que havia caído sabonete. Passou a dormir comigo, como se quisesse me proteger 24 horas. Meu namorado não conseguiu segurar as lágrimas. Choramos juntos, mas seu amor foi fundamental. Dele e de toda a família.

No dia seguinte fui à ginecologista. Mostrei o resultado e ela ficou espantada. Era dia 28 de abril de 2012. Ela me pediu muitas desculpas e reconheceu que solicitou o exame pela minha insistência, já que em tese eu não tinha idade para ter câncer de mama. Imediatamente, fez vários encaminhamentos.Com o diagnóstico confirmado, dia 7 de maio de 2012 tive minha primeira consulta com o mastologista do Instituto Brasileiro do Controle do Câncer (IBCC). Fiz mais exames e recebi todas as informações sobre o tratamento e o que aconteceria dali pra frente. Precisava estar forte para enfrentar quimioterapia, radioterapia e, consequentemente, para me ver careca.

Dia 4 de julho de 2012, fiz a cirurgia. Tive boa parte do seio direito retirada. Foi detectado que em apenas 58 dias após a descoberta do câncer, o tumor havia crescido de 1,3 centímetro para 3,5 centímetros. Por isso, o médico optou por um tratamento invasivo, que mataria as células ruins e, consequentemente, as boas. Foi tão forte que na primeira quimioterapia fiquei careca. Não cortei o cabelo. Deixei cair até o último fio.

O tratamento é doloroso. Fiquei um ano careca. Meu cabelo começou a crescer no ano passado. Em dezembro voltei a trabalhar. Ainda estou em tratamento, que leva cinco anos até a alta. Estou bem. O segredo foi manter o bom humor e a alegria.

Fui muito bem amparada por todos. Chato é ouvir algumas opiniões de pessoas que acham que ter câncer é estar condenado à morte. Porém, recebi muita força de familiares e amigos. Isso ajuda demais, principalmente a parte psicológica.

Continuo a fazer o autoexame. Semana passada detectei um bolinha no mesmo seio. Já voltei ao médico e estou com exames marcados para o final deste mês. Não estou com medo. Meu médico palpou e disse ser um nódulo comum, que aparece e some quando estamos com alguma inflamação. Peço a Deus que seja isso mesmo.

Porém, deixo um alerta. A detecção do problema precoce é o diferencial para a cura. O autoexame deve ser um hábito. Se sentir algo diferente, procure um médico e exija o encaminhamento para exames. Essa informação de que o câncer de mama atinge mulheres mais velhas, a partir de 35 anos, não procede. Fazendo diariamente a radioterapia conheci muitas meninas, até mais novas que eu, que estavam com a doença. Muitas até sem histórico familiar.

Se sentir dor, um seio mais quente mais que o outro, nódulos, caroços, vermelhidão, bico invertido ou secreção no bico procure o médico. O autoexame me ajudou a notar algo diferente no seio. Não sentia dor, só o carocinho. Foi Deus que naquele momento guiou minhas mãos. Essa é minha mensagem: faça o autoexame pelo menos uma vez por mês, ele pode salvar sua vida. E obrigada a todos que ficaram ao meu lado. Minha família, meus amigos e colegas da Strong.”

SAIBA COMO FAZER O AUTOEXAME DAS MAMAS


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